quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nega-tivas

A ocupação da artista Regina Silveira nos espaços dos metrôs de São Paulo provoca o espectador/ator ao pensar sobre o próprio espaço utilizado por ele em seu cotidiano.
Uma escada virtual e interativa que desce lentamente em caracol a um destino obscuro sob o som de passos de pessoas invisíveis revela a essência do ato de usar o metrô. Escada e metrô, ambos meios de transporte, lapsos de tempo, servem de meios para se chegar a algum lugar, são um tempo considerado morto, porém necessário.
Os chamados zumbis que povoam os metrôs de São Paulo, com suas sonolências ou seus olhares perdidos no nada da espera inevitável são representados pelos passos constantes, fortes e vagarosos de pessoas na escada virtual; pessoas essas invisíveis tais quais as do metrô, espaço de não existência e não percepção.
A obra da artista, por mais simples que pareça ao primeiro olhar, questiona a vida cotidiana profundamente em suas dinâmicas, suas esperas, suas repetições. Seria a vida moderna uma sequência de repetições assim como essa escada que sobe e desce infinitamente sem sair do lugar?

Por: Paulo Bortolini
pbmotta@gmail.com

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